"AS CARONAS"
Nos primeiros anos do nosso trabalho as tais caronas foram uma coisa absurda, eram tantas as dificuldades, pois não pagavam passagem de ônibus e nosso salário era uma mereca.
Aí, então, a saida era partir para as caronas para ir e voltar do trabalho. Às vezes a gente tinha que sair aos domingos de casa e de carona se ia até onde pudesse chegar. Se posava em um hotel ou pelas rodoviárias geladas. Resumindo: Não importa a maneira que se chegava, segunda-feira as oito horas era preciso estar no local de trabalho, não importa onde se estivesse.
Lembro de tantas histórias nestas estradas:
Um dia a gente estava em Panambi pegando carona entre uns sete colegas e ninguém parava para nós, ninguém. De repente o Ari Nambu cruzou a rodovia e começou a pedir carona para o lado contrário de Santa Rosa, aí todo mundo rindo e brincando, perguntamos para o teimoso:
- O que é isso, Ari, prá onde tu vai?
- Não consigo carona prá lá, vou prá cá... - respondeu ele.
Depois parou um carro e ele foi mesmo. Chegou umas duas horas depois de nós em casa mas deu a teimada dele.
Outra vez estavam o Sucesso(ele é crente da Assembléia de Deus) e o Roni Lagartixa pegando carona e estava uma calmaria, não passava ninguém na estrada. O sucesso, já nervoso andava prá lá e prá cá. Numa dessas quando ele virou-se para onde estava o Roni arregalou os olhos.
Estava o Roni com as calças abaixadas até os pés, pelado e fumando calmamente um cigarro.
O Sucesso vendo aquilo enlouqueceu:
- Meu Deus...- gritou ele. - ...ergue essas calças, mulambinho, assim ninguém vai parar para dar carona prá nós...
O Roni fazia prá incomodar ele.
Outra vez eu e o Nelsinho pegamos carona de santa Rosa para Tres de Maio. a gente estava indo para Passo Fundo. Quando o motorista do carro nos largou no trevo de Tres de Maio ele nos cobrou. Na hora pensei ser brincadeira dele e saí sorrindo da piada mas ele chamou o Nelsinho e disse sério:
- Vocês sabem que o carro tem desgaste, né? Mas qualquer coisa que me derem está bom.
O Nelsinho colocou a mão na carteira e deu alguns trocados e disse irritado:
- Nós pedimos carona porque estamos sem dinheiro também...
O motorista ainda agradesceu:
- Tá bom, isso já ajuda. - disse contando as moedas.
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