sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“A LIÇÃO SUCAM”

São tantas as curiosidades que a gente viu por esse Rio Grande do Sul
á fora...
Lembro que em Fontoura Xavier encontrei uma enorme ponte lá no meio do mato, sem estrada que chegasse até ela, quer dizer, uma enorme obra construída no nada e os moradores da região com péssimas condições de moradias, de estradas.
Lá mesmo em Fontoura Xavier encontrei uma mulher vindo a cavalo por uma picada no meio do mato. Ela ia para a cidade, que ficava a uns 30 quilômetros, e acreditem se quiser: - ela estava indo ganhar neném, pois estava grávida de nove meses. Só ela, o cavalo e Deus.
Tem histórias divertidas também. A gente correndo atrás de lagartos, os
pegando, os limpando e os comendo.
Ganhamos um tatu de um morador do interior de Condor e a gente não sabia como o matar para comer.
Ia-mos trabalhar a pé quilômetros e quilômetros, e a gente ia brincando pelas estradas. Naquela época éramos uma gurizada sem medo do mundo, do tempo.
Uma vez acampamos na represa de Passo Real em Fortaleza dos Valos. Lá encontramos um morador, que na verdade, não era baixinho, era como a gente dizia pra ele:
- Tu és refinado...
E o mais curioso é que os móveis da casa dele, como fogão, mesa, cama, guarda-roupas, cadeiras, bicicleta, tudo era pequeno também, até a casa dele.
A gente entrava em sua casa e representava que éramos gigantes.
Teve uma vez que a nossa equipe estava acampada no porão de um salão em Três Vendas, Catuípe, e no sábado a noite teve baile de chope.
Lembro que no domingo de manhã abrimos o alçapão que dava para o interior do salão e enchemos todos os vasilhames que a gente tinha, de chope, dos barris, que ainda estavam pela metade.
Passamos o domingo inteiro tomando chope.
Foram tantos banhos de sanga no frio, tanto calor pelas estradas com todo material de borrifação.
Estivemos nas ruínas de São Miguel das Missões, vi cada muro de pedra nas fazendas pelo interior de Santiago, estivemos na costa do rio Uruguai com cada paisagem deslumbrante, a gente viu o pessoal tozar e matar ovelhas em São Borja, vimos àquelas imensas fazendas de gado e de búfalos, corremos com a camionete atrás das Emas em Santo Antônio das Missões, atrás dos veados em Ibirubá, vimos tantas cachoeiras nesses nossos rios, vimos tantos soques de ervas na região de Palmeiras das Missões, e tomamos algum mate de erva nativa. Chegamos a algum alambique de cachaça, bebemos algum vinho com os Italianos.
Atravessamos muitos riachos e caímos em algum atoleiro com as viaturas.
É, conhecemos tantas pessoas maravilhosas que jamais sairão de nossas mentes, assim como achamos muitas pessoas ruíns de lidar, que negavam um prato de comida, um copo de água até.
Sentimos na pele a pobreza, a dor, a doença, a vida sem saída para tantos moradores, mas, descobrimos por dentro de cada um deles a vontade de progredir, de vencer, de sair das situações humilhantes em que a vida os colocou.
Tudo isso, dia a dia, mês a mês, ano a ano, nos fizeram experientes, mais duros, capazes de pensar cada situação de maneira diferente do que a maioria das pessoas pensaria.
Por isso é que eu sempre vou ser grato a SUCAM, por tudo o que eu passei, por toda essa experiência de vida.
E aos colegas que se foram, que ficaram pelo caminho do tempo, que tombaram no meio da guerra da vida, deixo as minhas homenagens e agradecimentos.
Obrigado por me acompanharem, mesmo que não até o fim, mas de alguma forma vocês contribuíram para enriquecer a vida de todos que ainda estão aqui.
Vocês sempre serão lembrados, em cada história que se contar, em cada risada que se der.
A vocês que partiram e a nós que ainda estamos fazendo a história, um viva a SUCAM...

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Santa Rosa, Rio Grande do Sul, Brazil
Funcionário Público federal que andou 29 anos por esse interior do Rio Grande do Sul

Arquivo do blog

Seguidores

Total de visualizações de página